GUARANÁ
O
guaranazeiro (Paullinia cupana, variedade sorbilis (Martius) Duke) é uma
planta nativa da Amazônia, produz o fruto conhecido como guaraná. É uma
espécie vegetal arbustiva e trepadeira da família das sapindáceas, cujo
nome provém do termo indígena "varana", que significa árvore que sobe
apoiada em outra. Cultivado inicialmente, na Amazônia pelos índios maués.
Na Bahia é cultivado no baixo sul da Bahia, tornando o estado o maior
produtor do país. O cultivo é de grande importância sócio-econômica para a
região em virtude de ser explorado por pequenas propriedades e por ser uma
atividade típica de agricultura familiar. A área cultivada na Bahia é de
8.000 há com produção de 2.600 toneladas e uma produtividade média
superior a 500 kg/há contra menos de 300kg/há da região produtoras da
Amazônia. A produtividade dos plantios da Bahia é muito superior, visto
que a região reúne condições mais propícias ao desenvolvimento da planta,
com boa distribuição de chuvas ao longo do ano, solos de maior fertilidade
e baixa incidência de doenças como a antracnose, além de usar tecnologias
geradas pelos pesquisadores da Ceplac (IBGE,2004).
CLIMA
E SOLO
Espécie
adaptada à baixa altitude, clima quente e úmido com 85% de umidade
relativa, 26ºC de temperatura média anual e precipitação anual entre 1.500
a2000 mm. Os solos onde normalmente são plantados os guaranazeiros são de
terra firme, profundos, bem drenados, porém quimicamente pobres. Plantios
comerciais em solos férteis têm apresentado índices maiores de
desenvolvimento vegetativo e de produtividade.
Preparo de mudas
A
propagação do guaranazeiro por sementes é dificultada devido às suas
características de perda rápida da viabilidade, não suportando
desidratação acentuada nem baixa temperatura, enquadrando-se no grupo de
sementes recalcitrantes. Além disso, a constituição genética altamente
heterozigótica do guaranazeiro faz com que as características desejáveis
sejam perdidas imediatamente, se forem propagadas por sementes, devido à
segregação dos genes. As mudas propagadas por sementes devem ser oriundas
de matrizes de alta produtividade e qualidade de frutos. A semente de
guaraná perde o seu poder germinativo com cerca de 7 dias, daí a
necessidade da urgência em realizar a semeadura, para a obtenção das mudas
bem formadas. O período de formação das mudas é em média 18 meses após a
semeadura. As fotos abaixo revelam a grande variabilidade genética da
espécie.
Plantio
O plantio do guaranazeiro
no Sul da Bahia pode ser feito durante o ano inteiro, recomendando-se,
entretanto o aproveitamento dos dias chuvosos para realização do mesmo. As
covas devem ser abertas com as dimensões de 40cm em todas as direções e
previamente adubadas com matéria orgânica com pelo menos 30 dias antes do
plantio das mudas. Para o plantio definitivo faz-se uma seleção das mudas
no viveiro, aproveitando as mais vigorosas. Os espaçamentos mais
recomendados são de 4 x 4m e 5 x 4m.
Tratos culturais
As mudas de guaraná
recém-plantadas devem ser mantidas livre do mato, evitando a concorrência
em água, luz e nutrientes. Para tanto recomendam-se 2 limpas e 4
coroamentos no ano. O coroamento deve ser feito em círculo a uma distância
de 1,50m em volta da planta nos dois primeiros anos e 2,0 m nos anos
subseqüentes.
A poda de formação é
utilizada nos três anos iniciais após o plantio. Devem ser mantidos apenas
3 lançamentos emitidos a partir de uma altura de 30 cm do solo. O caule
principal deve ter o seu broto terminal podado com cerca de 1,70 m a fim
de formar uma copa mais densa e evitar o seu tombamento por excesso de
altura.
A adubação é
indispensável, para tanto convém realizar a análise química do solo. A
primeira adubação básica é feita 3 meses após o plantio. A quantidade de
fertilizante pode variar com a idade da planta. Plantios com 1 ano de
idade recomenda-se aplicar 200 gramas da fórmula ( 11- 30 - 17 ),
conhecida regionalmente, como Fórmula A. A partir dos 4 anos aplicar 600
gramas da formulação indicada acima.
Nas condições do Sul da
Bahia, praticamente não há problemas de pragas e doenças causando danos
econômico aos guaranazeiros, ao contrário do município amazonense de
Maués, o qual teve seus plantios praticamente arrasados pela antracnose em
associação com outras doenças, ficou conhecido em quase todo mundo pela
cultura do guaraná. Em virtude dos problemas ocorridos a produtividade no
município caiu de 127 kg/ha/ano em 1982 para 43 kg/ha/ano em 1998.
Produtos, subprodutos e usos
O guaraná é usado na
indústria farmacêutica e na fabricação de refrigerantes, xaropes, sucos,
pó e bastões. São atribuídos ao guaraná, entre outras, as seguintes
propriedades: estimulante, afrodisíaco, ação tônica cardiovascular,
combate a cólicas, nevralgias e enxaquecas e ação diurética e febrífuga. O
uso terapêutico da cafeína pode causar dependência psíquica e síndrome da
abstinência; cosmético, no tratamento de pele oleosa e celulite (USP,
2004). O guaraná contém: cafeína, proteína,açúcares,
amido,tanino,potássio, fósforo, ferro, cálcio, tiamina e vitamina A. O
teor da cafeína na semente do guaraná pode variar de 2,0 a 5,0 % (do peso
seco), maiores que os do café (1 a 2%), mate (1%) e cacau (0,7%).
Produtividade e colheita
Áreas comerciais de
guaranazeiros tecnicamente bem conduzidos alcançam produtividade média em
torno de 1.000 kg de amêndoas secas por ha/ano a partir do sétimo ano do
plantio.
A colheita é manual,
retirando-se os frutos maduros (abertos) ou os cachos. Após a colheita, os
frutos devem ser amontoados num galpão por dois a três dias, para uma leve
fermentação. Em seguida, são despolpados, manualmente ou por meio de
máquinas despolpadeiras, secados ao sol ou com auxílio de secador
artificial. A secagem artificial deve lenta e durar em torno de quatro a
cinco horas até atingir em torno de 9% de umidade. Temos, assim, o grão de
guaraná torrado, conhecido como guaraná em rama.